A partir do dia 10 de setembro, a Casa Museu Eva Klabin inaugura a exposição ‘Transformai as velhas formas do viver, um percurso que reúne obras de Claudia Andujar, Aline Motta e vasos rituais da Coleção Eva Klabin, com curadoria de Camilla Rocha Campos’. A mostra ocupará diversos ambientes da casa, e ficará em cartaz até 14 de dezembro.
A exposição Transformai as velhas formas do viver propõe um mergulho em registros éticos, poéticos e materiais que desconstroem a hegemonia do olhar ocidental e reinscrevem no presente temporalidades insurgentes.
Reunindo obras de Claudia Andujar, Aline Motta e vasos rituais da Coleção Eva Klabin, a mostra apresenta imagens, formas e narrativas como evidências sensíveis de valor social e lastro de conhecimento. A fotografia, a instalação, o desenho e os artefatos não operam aqui como objetos estéticos, mas como testemunhos. Eles são expressões de uma arqueologia do presente capaz de desenterrar aquilo que foi silenciado ou transformado em ruína.
As obras de Claudia Andujar revelam mais do que uma paisagem: desvelam mundos. Suas fotografias com Amazônicas não apenas documentam, mas se tornam vestígios de convivência, de escuta radical e de reconfiguração de linguagem. De modo semelhante, Aline Motta, ao trabalhar memória, território e ancestralidade, ativa o tempo como corpo fluído, fragmentado, atlântico, onde passado e futuro são também indissociáveis do agora. Ambas constroem uma prática de resistência imagética e política, comprometida com o testemunho e a reconstrução, em uma lógica que se aproxima da arquitetura forense: campo onde a arte opera como evidência, onde o sensível torna-se documento vivo.
Camilla Rocha Campos, curadora.
A mostra pode ser visitada gratuitamente de quarta a domingo, de 14h às 18h, até 14 de dezembro de 2025.
Curadora, escritora e consultora de arte contemporânea, Camilla Rocha Campos atuou como Coordenadora de Residência do MAM Rio e do Programa de Formação da Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Ela trabalhou como consultora para artes visuais no Museu do Amanhã, IPEAFRO, e em institutos internacionais sem fins lucrativos como a 0101 Art Platform, EhChO, Gasworks e Mondriaan Fonds. Com ampla atuação internacional, realizou curadorias e participações institucionais na Saastamoinen Foundation (Finlândia), Lugar a Dudas (Colômbia), Tabacalera Estancias (Espanha), Q21 Museums Quartier (Áustria), UKS (Noruega), Bamboo Curtain Studio (Taiwan), Arika (Escócia), dentre outros. Atualmente desenvolve sua pesquisa de doutorado na Goldsmiths University of London, no Reino Unido.
Aline Motta nasceu em Niterói (RJ), em 1974, e mora em São Paulo. Combina diferentes técnicas e práticas artísticas em seu trabalho, como fotografia, vídeo, instalação, performance e colagem. De modo crítico, suas obras reconfiguram memórias, em especial as afro-atlânticas, e constroem novas narrativas que invocam uma ideia não linear do tempo. Foi contemplada com o Programa Rumos Itaú Cultural 2015/2016, com a Bolsa ZUM de Fotografia do Instituto Moreira Salles 2018, com 7º Prêmio Indústria Nacional Marcantonio Vilaça 2019 e com o Prêmio PIPA 2024. Recentemente participou de exposições importantes como "Histórias Feministas, artistas depois de 2000" - MASP, “Histórias Afro-Atlânticas” - MASP/Tomie Ohtake, "Cuando cambia el mundo" - Centro Cultural Kirchner, Buenos Aires, Argentina e "Pensar tudo de nuevo" - Les Rencontres de la Photographie, Arles, França. Abriu sua exposição individual "Aline Motta: memória, viagem e água" no MAR/Museu de Arte do Rio em 2020. Em 2021 exibiu seus trabalhos em vídeo no New Museum (NY) no programa "Screen Series". Em 2022 lançou seu primeiro livro "A água é uma máquina do tempo" pelas editoras Fósforo e Luna Parque Edições (finalista do prêmio literário Jabuti), abriu exposição individual no átrio do Sesc Belenzinho e na sala de vídeo do MASP. Em 2023, expôs na 15a. Bienal de Sharjah (EAU), no MoMA Museum of Modern Art (NY) em “Chosen Memories: Contemporary Latin American Art from the Patricia Phelps de Cisneros Gift and Beyond" e na 35a Bienal de Arte de São Paulo
Claudia Andujar nasceu em Neuchatel (Suíça), em 1931. Após a Segunda Guerra Mundial, imigrou para os EUA e, em 1955, imigrou para o Brasil. Desde então, a artista vive e trabalha em São Paulo. Nos anos 1970, Andujar recebeu bolsas da John Simon Guggenheim Foundation, e da Fundação de Apoio a Pesquisa (FAPESP), para fotografar e estudar a cultura Yanomami. De 1978 a 2000, Andujar trabalhou para a Comissão de Pró-Yanomami e coordenou a campanha para a demarcação do território Yanomami na Amazônia, criado em 1993. Em 2000, recebeu o Prêmio Anual de Liberdade Cultural [Fotografia] como defensora dos Direitos Humanos da Lannan Foundation, Novo México [EUA]. Em 2003, o Prêmio Severo Gomes da Comissão Teotônio Vilela de Direitos Humanos, São Paulo [Brasil], e em 2005, o Prêmio de Fotografia da APCA [Associação Paulista dos Críticos de Arte] por sua exposição individual Vulnerabilidade do Ser, realizada na Pinacoteca do Estado de São Paulo. Em 2008, foi homenageada pelo Ministério da Cultura com a Ordem do Mérito Cultural 2008. Em 2010, recebeu o Prêmio Kassel Photobook Award pelo livro Marcados (CosacNaify), em Kassel, e em 2018 a Goethe-Medaille 2018, em Weimar, ambos na Alemanha. Em 2019, o Prêmio ABCA 2018 - Clarival do Prado Valladares [trajetória], e em 2020 o Prêmio Mérito Cultural na Fotografia, categoria Produção de Obra Fotografica, da Rede de Produtores Culturais da Fotografia no Brasil, em São Paulo [Brasil]. Em 2023, Andujar recebeu o título de Doutora Honoris Causa da Universidade de Brasília, Brasília [Brasil], pelos anos de dedicação e defesa do povo Yanomami.
Abertura: 09 de setembro, das 18h às 21h
Período: 10 de setembro a 14 de dezembro de 2025
Visitação: Quarta a domingo , das 14h às 18h
Local: Casa Museu Eva Klabin - Av. Epitácio Pessoa, 2480 - Lagoa. A 5 minutos da estação de metrô Cantagalo.
Entrada gratuita
Classificação livre